terça-feira, 10 de julho de 2012

Literatura e outros temas

BLOG – 10.O7.2012 Estou nos primeiros dias deste meu blog. E’ meu objetivo lidar prioritariamente na área da literatura e espero contar com a participação crítica ou colaborativa dos que me acessarem, particularmente a gente das Lavras Diamantinas que tem uma participação histórica densa nos sertões baianos e que deve ser visitada no passado e no presente. Como sou fiiho de Seabra (BA), nas minhas primeiras investidas de escritor por ali foquei o meu desiderato. E é por minha terra e minha gente que começo, quanto me seja possível por fatos e ocorrências atuais. DO MEU PRIMEIRO LIVRO (2002): RECONTANDO minha terra e minha gente: REZA DE CHOVER (pag. 128): “Um dia...Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito. Seria que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo? Não sabia” Graciliano Ramos O sertão baiano, coberto de campos e matas , rios correntes protegidos por florações ciliares, lagoas enfeitadas de arbustos aquáticos, flores em profusão, era sempre bafejado pelas chuvas regulares, dias e épocas certos, plantar no dia de São José, 21 de abril, para colher no São João, plantar no pó*, para adiantar a colheita, ver chover no dia de Nossa Senhora da Conceição, sempre e todos os anos, ver alguém perscrutar o horizonte e dizer se vai ou não vai chover. Mas eis que a chuva de setembro não chegou, outubro correu seco e novembro se finda sem um pingo d’água dos céus. A cidade preocupada. D. Cezar, preta luzidia, rendeira, rezadeira das boas, vinda lá de Lençóis, bisneta de escrava africana, está certa que isso é sinal de Deus, castigando o povo, gente que só quer farra, mulheres ensaiando saia curta, mostrando as pernas, um desvario. E o coro dos mais velhos se levanta contra os costumes. Têm na memória o que lhes contava ao avoengos sobre a “seca de 90”; e alguns, na retina, a “crise de 32”, quando faltou farinha no prato do sertanejo. Mas não chove e há de se pedir chuva. Um grupo de mulheres, assíduas freqüentadoras das “rezas” na igreja de São Sebastião, onde também emprestavam suas vozes nos cantos religiosos, terminada a reza, se juntaram na saída da igreja e, depois de comentarem o estio que já se prolongava, resolveram começar as preces para chover, para tal convocando outras pessoas que também deviam levar seus filhos e filhas, às nove horas do outro dia todos deviam estar na cancela da estrada da Prata, que a Prefeitura mandara fazer para evitar a entrada do gado solto nas ruas da Cidade, levando garrafas e litros d’água com flores. A reunião ali marcada, à sombra de frondosas baraúnas que ladeavam a estrada, facilitava encher os litros d’água na passagem do rio Campestre e enfeitar as vasilhas d’água com os galhos dos cachos amarelos da flor do são- joão** no local abundantes e indiferentes à falta d’água ou mesmo melhor florassem na seca. Ali, sol a pino, inicia-se a caminhada, cantando rezas: São Sebastião, preso e amarrado ...e benditos: Bendito, louvado seja...pés no chão, garrafa na cabeça, em demanda do cruzeiro na frente da igreja, quando, aos pés da cruz, o grupo fazia uma parada, e todos ajoelhados, oravam, e molhavam o madeiro, para depois se encaminharem ao outro cruzeiro postado na porta do cemitério, onde após novas orações e canto final, terminaria a penitência, também molhado o pé da cruz com toda a água restante. Mulheres, meninos e meninas, arfantes, suados, mas felizes da invocação a São Pedro, para que o santo fizesse chover. A caminhada se repetia até que a chuva voltasse, ouvidas as contritas preces ao santo. E esses estios foram se repetindo, as preces se esvaindo, as chuvas escasseando, os rios sumindo e os costumes dos homens se deteriorando, e o sertão secando... *plantar no pó – antecipar a semeadura do feijão e do milho, e esperar as primeiras chuvas. **são-joão – arvoredo de copa arredondada, folhas verde-escuro, flores amarelas em cacho. .................................................................................................................... Heleodoro Covas é um personagem impar nessas minhas lembranças. Sob o título Lió Covas – sempre de repente, no mesmo Recontando (p. 75), entre outras condutas do Lió, registrei: “Certo dia, entretanto, tomou em si, uma tarefa pesada para se livrar de outra. O cemitério de Palmeiras, num escarpado, em cima do morro, uma caminho estreito. E’ costume no interior passar um enterro e se acompanhar, por devoção, ainda que de desconhecido. Lió fazia disso uma obrigação, ainda que o tamanho e a cor do caixão que passava indicavam o enterro de uma menina. Também é preceito ajudar a levar o caixão. Um pouco de Cirineu. E Lió faz isso. E pega na alça do fundo. O aclive faz pesar a parte de trás. O sol é quente e o suor goteja sem parar. Ninguém o substitui, nin guém reveza, como de costume. Ao meio do caminho, sol a pino, uma pequena casa ao lado, um banco no quintal. Lió, estafado, grita: - Pára,..Bota o caixão no banco. O grupo automaticamente obedece. Lió tira a camisa, faz uma rodilha, forra a cabeça, e, sozinho, bota na cabeça o caixão, e exclama: -Se é empreitada , deixe comigo...” ............................................................................................................. No decorrer da década de cinqüenta do século passado, li, semanalmente, o jornal de Mario Paraguassu, A Foia do Rocero, numa linguagem caipira bem urdida e primorosa. Numa de suas colunas sob o título “Imbirrei cumpade”, derramava críticas a práticas de governo e de povo, que considerava absurdas e contumazes, e repetidas. Nesse bordão indeglutível também “Imbirrei cumpade” e imbirrado estou porque esta cidade por tão longo tempo, bela e inconfundível, não encontrou um administrador estadual ou municipal que lhe acrescente um projeto inteligente e criativo para a orla dessa noissa querida Salvador. Eu vou voltar e embirrar... ... Outro fato de ocorrência atual que me tem deixado de queixo caído é a morte de onze trabalhadores ocorrida no trecho de estrada entre Saubara e Salvador. Explicaram ou quiseram explicar mas não há quem de sã razão engula o episódio. Uma vã sem licença. Um licenciamento impossível. Uma impossibilidade de jovens trabalhadores se transportarem por um transporte regular, mas a possibilidade de morrerem na estrada, deixando pai, mãe, irmão, filhos e filhas. Pode ocorrer um desastre. Infelizmente, pode. O que não pode é a inexistência de fiscalização e os cuidados que o transporte regular acarreta: manutenção veicular, licença, treinamento, o “olho” do Estado unipresente. Imbirrei cumpade. Há ou não há força maior indevida, obstaculizando o transporte e causando mortes... Imbirrei cumpade. .................................................................................................................. POEMAS Quero como uma tarefa deste blog, publicar poemas e poesias que fizeram de nossas escolas, dos nossos desejos, de nossas angústias, de nossas alegrias, de nossas exaltações de patriotismo jovem, versos que não passaram como o vento passa. São versos que nos envolvem por toda a vida porque são bons. São como as canções que ficaram e são cantadas até hoje. No entanto, quero deixar como alavanca desse desejo o poema que se segue de Gabriela Mistral, que nos alimenta da necessidade de servir: SERVIR Gabriela Mistral Toda a natureza é um serviço. Serve a nuvem. Serve o vento. Serve a chuva. Onde haja uma árvore para plantar, plante-a você. Onde haja um erro para corrigir, Corrija-o você. Onde haja trabalho e todos se esquivem, Aceite-o você. E’ muito belo fazer aquilo que os outros recusam. Mas não caia no erro de que somente há mérito Nos grandes trabalhos. Há pequenos serviços que são bons serviços: adormar uma mesa, arrumar seus livros, pentear uma criança. Uns criticam, outros destroem. Seja você o que serve. Servir não é faina de seres inferiores. Seja você o que remove: a pedra do caminho, o ódio entre os corações e as dificuldades do problema. Há alegria de ser puro e a de ser justo. Mas há, sobretudo, a maravilhosa, a imensa alegria de servir.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Nasci na cidade de Seabra do estado da Bahia a 8 de fevereiro de 1934. Uma pequena cidade das Lavras Diamantinas (Chapada Diamantina) de clima ameno, noites frias, banhada pelos rios Campestre e Cochó, mais servida de bens agrícolas. Filho de Fabricio d'Oliveira e Isaura Ramos de Olivera, ambos seabrenses, ele da tradicional chefiada pelo Coronel Manoel Fabricio d'Oliveira, filho de criação de Corina Oliveira Queiroz, tia paterna.
Fui professor, funcionário do Ministério da Fazenda, aposentado Auditor-fiscal, advogado, e hoje escritor, com os seguintes livros publicados: RECONTANDO minha tera minha gente; CAMPESTRE DO CORONEL  e o poder das oligarquias; MARAÚ luz do sol ao amanhecer (em parceria) e João da Paz (em parceria. No prelo, CRÔNICAS & VERSOS e a CHAPADISTA Raimunda Porcina de Jesus.

Começo

A partir de hoje, começo as postagens do meu blog.